Investigado por suspeita de ter criado
uma pirâmide financeira, o dono da BBom, João Francisco de Paulo,
recebeu em suas contas R$ 11 milhões. Em apenas dois meses (maio e
junho), investiu R$ 4 milhões em fundos de previdência privada. O
empresário também tinha em seu nome quatro dos 49 carros de luxo
apreendidos no mês passado . As informações são do Ministério Público
Federal em São Paulo (MPF-SP).
O órgão também informou ter encontrado
transações financeiras entre a BBom e a Telexfree, outra acusada de ser
um esquema de pirâmide, como havia apontado em julho o Ministério
Público Federal em Goiás (MPF-GO).
“O esquema BBom seria o sucessor do
Telexfree, conforme demonstram transações financeiras realizadas entre
as duas empresas e entre pessoas em comum”, informou nota divulgada
nesta segunda-feira (2).
Procurado, o dono da BBom negou irregularidades e relações com a Telexfree.
“Minhas contas não recebem créditos
desde 10/7/2013. Os valores recebidos anteriormente fazem parte de
recebimento de lucratividade na franqueadora [ do grupo Embrasystem ] e
lucratividade na própria BBom”, disse João Francisco de Paulo à
reportagem. “É dinheiro legal, contabilizado e declarado.”
Os representantes da Telexfree não comentaram imediatamente a informação.
Bloqueios
A BBom foi lançada em fevereiro como o
braço de marketing multinível do grupo Embrasystem, que atua no ramo de
rastreadores. Até julho, quando as atividades do grupo foram bloqueadas
por decisão judicial , o negócio atraiu cerca de 216 mil associados, que
pagaram taxas de adesão de R$ 600 a R$ 3 mil com a promessa de altos lucros na revenda do serviço.
Para procuradores da República em São
Paulo e em Goiás, o negócio de rastreadores é um disfarce para uma
pirâmide financeira sustentada pelas taxas de adesão. Segundo o
Ministério Público Federal em Goiás (MPF-GO), a Embrasystem vendeu 1,5
milhão de assinaturas
de serviço de rastreamento – o que exigiria 1,5 milhão de rastreadores –
mas adquiriu apenas 69 mil equipamentos de seu principal fornecedor.
Em julho, a pedido do MPF-GO, a juiza
substituta da 4ª Vara Federal em Goiás, Luciana Gheller, determinou o
bloqueio de R$ 300 milhões das contas do grupo Embrasystem e de seus
responsáveis – João Francisco de Paulo entre eles – bem como da
transferência de quase uma centena de veículos.
No dia 16 de agosto, o juiz Marcelo
Costenaro Cavali, da 6.ª Vara Criminal Federal de São Paulo, determinou o
sequestro de 49 dos carros – a decisão anterior só impedia a
transferência e, por isso, permitia que eles ficassem à disposição dos proprietários.
Dentre os veículos apreendidos estão 18 Mercedes Benz, quarto
Lamborghinis, três Ferraris, uma Maserati e um Rolls Royce Ghost.
Cavali também ampliou o volume de
recursos congelados de R$ 300 milhões para R$ 479 milhões para cada um
dos três sócios da Embrasystem – ou seja, R$ 1,4 bilhão. Isso não
significa, porém, que todo esse valor já tenha sido encontrado nas
contas dos investigados ou mesmo da empresa.
Relação com a Telexfree
A hipótese de que a Telexfree e a BBom possam ter relações já havia sido levantada por Helio Telho, procurador da República em Goiás, em julho. Segundo o procurador, foram identificados “negócios em comum” entre as empresas, mas não uma “conexão”.
A hipótese de que a Telexfree e a BBom possam ter relações já havia sido levantada por Helio Telho, procurador da República em Goiás, em julho. Segundo o procurador, foram identificados “negócios em comum” entre as empresas, mas não uma “conexão”.
“Não identificamos conexão entre as
empresas. A Telexfree e a BBom tiveram alguns negócios, uma mandou
dinheiro para a outra. Mas, que tipo de ligação, por que [ se ] mandou
dinheiro, se tem uma ligação mais forte, se é ocasional [ ainda é
preciso investigar ]“, disse Telho ao iG , em julho.
Procurado nesta segunda-feira (2), o procurador não estava imediatamente disponível para comentar.
Foco nos revendedores
O MPF-SP não esclareceu o valor das transações entre Telexfree e BBom, nem quais são as pessoas em comum entre as empresas. O dado, porém, indica que os procuradores também podem estar atentos às pessoas que atraíram revendedores para ambos os negócios.
O MPF-SP não esclareceu o valor das transações entre Telexfree e BBom, nem quais são as pessoas em comum entre as empresas. O dado, porém, indica que os procuradores também podem estar atentos às pessoas que atraíram revendedores para ambos os negócios.
O papel desses recrutadores já é alvo de
investigações no caso Telexfree. O Ministério Público do Acre (MP-AC),
que pediu o bloqueio das atividades da empresa em junho, tem instaurado
um inquérito criminal em que ao menos cinco grandes divulgadores –
comumente chamados de team builders – foram ouvidos.
A força tarefa que investiga 31 empresas
suspeitas de serem pirâmdes financeiras também analisa a possibilidade
de mover ações civis e criminais contra os grandes recrutadores . Entre
os possíveis crimes cometidos estão estelionato e lavagem de dinheiro.
Fonte : http://www.encontreinarede.com/noticias.php?id=446
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